quinta-feira, dezembro 27, 2007

Mestres do Jogo

Sidney Sheldon é um dos autores mais lidos do século XX. Vendeu mais de 300 milhões de livros em todo o mundo. O autor iniciou sua carreira em Hollywood como revisor de roteiros em 1937, além de colaborar em inúmeros filmes de segunda linha. Teve uma carreira eclética escreveu musicais para a Broadway, além de roteiros para a MGM e Paramount. Além disso é criador de séries televisivas de sucesso como: Jeanie é um Gênio e Casal 20. É até hoje o único escritor a receber os quatro prêmios mais cobiçados da industria cultural americana: o Oscar (cinema), o Emmy (tv), o Tony (teatro) e o Edgar (literatura de suspense). Sheldon morreu no dia 30 de janeiro de 2007, em Los Angeles, aos 89 anos, devido a complicações causadas por uma pneumonia.
O Reverso da Medalha (Masters Of The Game), foi lançado em 1982, e é um de seus melhores romances, para muitos o melhor. Narra a estória da dinastia Blackwell, durante um período de 100 anos. Iniciando com as aventuras do patriarca David, que deixa a família na Escócia e vai até a Africa do Sul para garimpar diamantes. Lá acompanhamos seu sofrimentos e sua obstinação em encontras essas pedras preciosas. Após David, acompanhamos a trajetória de Kate, sua filha e herdeira do seu império. Ela é praticamente a espinha dorsal do livro e a personagem mais fascinante da obra, acompanhamos sua juventude e a sua assenção no mundo dos negócios. Kate é uma mulher sem escrúpulos, que domina esse mundo de maneira cruel não hesitando em sacrificar quem procura impedir seu caminho.
Já na última parte somos apresentados às gêmeas Eve e Alexandra, apesar de iguais na aparência, tem personalidades bem distintas. Enquanto Alexandra é doce e ingênua, Eve é sádica e maliciosa e é capaz de tudo para destruir a irmã e herdar a fortuna da família sozinha.
Enfim, O Reverso da Medalha é uma leitura agradável, com um texto dinâmico, cheio de reviravoltas como todo bom romance, que prende o leitor do início ao fim. Um último aspecto interessante é a tradução equivocada do título em português, Masters Of Game em uma tradução literal seria “Mestres Do Jogo” e inexplicavelmente virou “O Reverso da Medalha” por aqui. Um título como “Mestres do Poder”, por exemplo, seria bem mais coerente.

quarta-feira, dezembro 26, 2007

Declaração de Amor

Paris, Te Amo, é espetacular. Como logo no início avisa, é um filme coletivo, uma eclética junção de cineastas e atores consagrados do mundo inteiro. Nomes como: Walter Salles e Paula Thomas, Irmãos Cohen, Alexander Payne, Wes Craven, Gus Van Sant, Alfonso Cuáron e muitos outros dão o tom a esses 18 curtas, todos passados em alguma parte de Paris seja em um ponto turístico ou num bairro mais pobre.
Os curtas passeiam por diversos gêneros como: drama, romance, comédia e até mesmo terror (dentre eles há uma história de vampiros), mas sempre falando de amor. Afinal de contas a Cidade Luz é um das mais românticas do mundo.
Como se a quantidade de estrelas na direção não fosse suficiente, a constelação de atores que participam dos curtas é ainda mais brilhante: Natalie Portman, Fanny Ardant, Catalina Sandino Moreno, Elijah Wood, Juliette Binoche, Maggie Gyllenhaal .
Todo esse ecletismo gera um filme irregular, cada qual com a identidade de seu realizador, alguns curtas se sobressaem aos outros. Como é o caso de Tuileries dirigido pelos irmãos Joel e Ethan Coen em que um turista norte-americano desavisado (Steve Buscemi) aprende da pior maneira que é falta de educação encarar estranhos, e acaba levando uma surra no metrô. Além de Longe do 16º Distrito dirigido pelos brasileiros Walter Salles e Daniela Thomas que narra a estória de uma imigrante (Catalina Sandino Moreno) que deixa o filho todos os dias na creche e atravessa a cidade para trabalhar em bairro distante como babá de uma criança da mesma idade. Destaque também para Père-Lachaiseem de Wes Craven em que um casal de turistas (Emily Mortimer e Rufus Sewell) visitando túmulos famosos, eles reencontram o amor com uma ajudinha de Oscar Wilde em pessoa, ou melhor do fantasma do autor de O Retrato de Dorian Gray.
Após o filme só aumenta a vontade de passear por Paris, ver todas essas belas paisagens. Uma bela homenagem à Cidade Luz.
No DVD praticamente não existem extras, apenas sinopse, ficha técnica e trailers de outros lançamentos da distribuidora.

quarta-feira, maio 30, 2007

Excelente!


Formado em 1989 em Dallas no Texas por Emily Robison, Martie Maguire e Natalie Maines, o trio Dixie Chicks é uma das bandas mais populares atualmente nos EUA, e já vendeu 30 Milhões de cópias ao redor do mundo.
Lançado no inicio do ano, o premiado “Taking The Long Way”, finalmente chega ao Brasil. O álbum faturou cinco prêmios Grammy nas principais categorias dentre elas: melhor álbum, melhor gravação e canção do ano “Not Ready to Make Nice”, confira o clipe aqui.
A banda foi protagonista de uma grande polêmica no ano passado. A vocalista Emily Robison declarou durante um show, que a banda tem vergonha em ser do mesmo estado do Presidente George W. Bush, na semana em que as tropas americanas invadiram o Iraque. O resultado disso foi que a banda sofreu retaliação por parte da mídia, os grandes veículos americanos, boicotaram suas músicas em todo o país. O caso teve grande repercussão e gerou acaloradas discussões sobre liberdade de expressão e censura. O episódio gerou até um documentário chamado “Shut Up and Sing”, ou em bom português: “Cala a boca e canta”, que dificilmente sairá por aqui.
O repertório do novo CD é um show a parte, a mistura entre Pop e Contry é deliciosa, arranjos caprichados com muitos instrumentos de cordas como violinos, banjos, etc. É difícil resistir as belas: Easy Silence, Favourite Year, Silent House, I Hope. Enfim é daquele aquele tipo de disco que você ouve sem pular uma faixa.

quarta-feira, abril 25, 2007

Decepcionante!

Criado pelo escritor Thomas Harris em meados dos anos 80, o celebre canibal Hannibal Lecter teve sua primeira aparição nas telas com o longa “Manhunter” de 1986, onde era vivido pelo ator escocês Brian Cox. Mas sua consagração aconteceu em 1992 com o soberbo “O Silêncio dos Inocentes” onde a brilhante atuação de Anthony Hopkins, transformou o personagem em um dos mais queridos e temidos vilões que o cinema já produziu. Dez anos mais tarde, o ator volta ao papel no mediano “Hannibal” e no ano seguinte, volta a repetir o papel em no excelente “Dragão Vermelho”. Thomas Harris (que também assina o roteiro), realiza uma espécie de prólogo, o livro está sendo lançado simultaneamente com o longa e visa apenas uma coisa: lucro. “Hannibal Rising” ou “Hannibal – A Origem do Mal” na versão nacional, conta ou pelo menos tenta esclarecer a origem do personagem e as razões que o levaram a ser um canibal e serial killer. Somos apresentados à infância e juventude de Lecter, aqui vivido pelo insosso ator francês Gaspar Ulliel. A ação se passa em plena Segunda Guerra Mundial, mas especificamente na Lituânia. De origem abastada, o jovem Hannibal e sua família têm que fugir do domínio alemão e escapar do fogo cruzado destes com os russos, se escondendo na casa de campo. Não demora muito para que o esconderijo seja descoberto. Como já era de se esperar, seus pais são mortos de forma covarde durante um ataque aéreo, sobrando apenas ele e a irmã menor, que posteriormente também é assassinada e ainda devorada, dessa vez por saqueadores, enfim a morte da família teria sido o estopim para os pessímos hábitos do Doutor Lecter (que original!).
A parir daí é explicado de forma vaga e sem ritmo, o que aconteceu após esses acontecimentos. Como por exemplo: a fuga do orfanato russo, as viajens clandestinas até chegar a Paris e encontrar a casa do tio, que seria seu único parente vivo. Chegando lá, descobrimos que esse faleceu no ano anterior. Acolhido pela viúva Sra. Murasaki (Gong Li, deslumbrante), que se torna um misto de mentora/cúmplice e paixão platônica. Já estabelecido, ela o ensina vários elementos da cultura japonesa e também nesse período é mostrada a sua entrada na faculdade de Medicina, onde ele aperfeiçoou suas habilidades com objetos cortantes.
Dirigido por Petter Webber, o filme é demasiadamente longo, previsível, edição sem ritmo, roteiro enfadonho, suspense quase zero, sem falar nos cansativos flashbacks que não acrescentam nada, o mesmo perdeu a memória e vai lembrando aos poucos dos traumáticos acontecimentos sobre o assassinato da irmã caçula e o restante do filme se resume apenas isso: vingança contra os autores do crime e cenas violentas. Está comprovado, sem Antony Hopkins o personagem não funciona.

segunda-feira, abril 23, 2007

Brilhante!

O ano é 2027, um futuro não muito distante; a humanidade está infértil, não se explica o porquê, mas está na cara, basta observar com atenção; o homem é um ser em extinção, o último nascimento ocorreu há 18 anos e alguns meses, o habitante mais jovem do planeta, é tratado como uma celebridade; e esse acabou de ser assassinado em Buenos Aires causando comoção total. O mundo está em ruínas, arrasado por guerras, terrorismo e desastres naturais, apenas a Inglaterra, sombria, caótica, quase em ruínas parece resistir, além de tratar os refugiados estrangeiros como animais.
Em meio a esse cenário futurista, somos apresentados a Theo (Clive Owen), que está saindo de uma cafeteria e aproveita o trágico acontecimento para tirar o dia de folga, quando ele se afasta alguns metros, o local inteiro vai pelos ares. A cena é simples, mas causa um grande impacto, não só pelo susto, mas pela violência explícita e isso é só o início de Filhos da Esperança que logo de cara mostra a que veio. Depois do acontecido, Theo vai visitar o amigo hippie Jasper (Michael Caine, ótimo como sempre), um ex-cartunista político que vive numa propriedade rural ouvindo Deep Purple e fumando baseados, tentando continuar nos tempos antigos. Mais tarde Theo é seqüestrado por um grupo rebelde, que descobre ser liderado por Julian (Juliane Moore, numa participação pequena, mas oportuna) que lhe pede um grande favor; que ele consiga com um influente primo que quase não vê, nem fala, os documentos para uma refugiada ou “fúgi” sair do país. Mas isso tudo por um motivo nobre, ela está grávida. Então ele passa a ajudá-la a escapar de um grupo rebelde chamado “Fish” que pretende usar a criança para fins políticos e leva-la até um barco com o nome de “Amanhã” onde está sendo desenvolvido o Projeto Humano. Daí a justificativa para o ótimo título em português.
Baseado no livro “Childreen Of Men” da escritora inglesa P. D. James e brilhantemente dirigido pelo diretor mexicano Alfonso Cuáron, realizador dos ótimos “E Sua Mãe Também” e “Harry Potter e o Prisioneiro de Azkaban”. O diretor ousou e conseguiu o que era quase impossível, seqüências quase sem corte, aumentando ainda mais o tom de urgência e a emoção do roteiro. Algumas cenas duram até dez minutos, sem nenhuma interrupção, nem mesmo quando gotas de sangue sujam a lente, a câmera não para e continua seguindo os personagens de perto. Repare cena do carro, por exemplo, a câmera não para e fica girando ao redor dos ocupantes, alternando o enquadramento em cada um dos ocupantes, e não para nem mesmo quando eles tem que tem que sair do veículo e escapar do ataque dos rebeldes. Essa cena está esmiuçada no único extra do DVD um pequeno Making Of de dez minutos que mostra depoimentos e curiosidades da produção. Alugue sem medo.

domingo, março 11, 2007

Bastidores do Poder


A Rainha impressiona em vários sentidos, não só pela soberba atuação de Helen Mirren (Vencedora do Oscar de Melhor Atriz), que praticamente se transformou na Rainha Elizabeth II, como também os outros atores fisicamente semelhantes aos personagens originais, (o Principe Charles da produção é quase idêntico ao original) , como também pelo seu roteiro honesto e sincero e imparcial, a direção segura do experiente Stephen Frears (Indicado ao Oscar de Melhor Diretor).
O ponto de partida do longa se dá em 1997 com a nomeação do Primeiro Ministro Tony Blair (Michael Sheen), mas a espinha dorsal do argumento é a morte da princesa Diana e sua repercussão dentro e fora dos muros reais. O episódio causou comoção internacional e levantou questões como: até onde a imprensa pode chegar pra conseguir um furo de reportagem? Já que o acidente ocorreu durante uma perseguição por um grupo de paparazzis. Além de levar a discussão sobre o respeito à privacidade das celebridades, já que uma foto da princesa com o novo namorado valia milhões nos tablóides sensacionalistas. Mas a grande questão abordada não é essa, e sim a atitude da rainha diante do acontecido.
A família real estava de férias durante o acontecido no castelo Balmoral na Escócia e a Vossa Majestade se recusava a interrompê-las e voltar ao palácio de Buckingham, nota-se claramente o ressentimento com a ex-nora. A monarca recusa-se a quebrar o arcaico protocolo e deixar a bandeira do palácio a meio mastro, como também defendia a idéia de um funeral discreto, apenas para a família. Além de não se pronunciar sobre o acontecido. Essa atitude causou furor entre os súditos, que ficaram chocados com a falta de sensibilidade da soberana diante de tamanha tragédia e sua popularidade estava por um fio. Sobra para Blair a missão de tentar reverter a situação negativa diante a opinião pública, da imprensa, tablóides e do mundo. Um ponto interessante da produção são as cenas de arquivo, magistralmente inseridas ao desenrolar da estória, gerando ainda mais veracidade ao argumento.
Quem gosta de uma boa teoria da conspiração afirma que a família real teve alguma coisa sobre o acidente, mas isso nunca foi provado. Inclusive na cena em que Elizabeth II chega ao palácio e lê as mensagens póstumas para Diana, uma delas diz que a família real tem sangue nas mãos. Com o sucesso de A Rainha, não deve demorar para que seja produzida uma cinebiografia de Lady Di.
No fim fica a sensação de ser uma testemunha ocular e conhecer tão de perto, a vida não apenas palaciana da monarca, suas decisões, sentimentos e ressentimentos, já que ela não pode expressar suas emoções e suas fraquezas pois além de tudo ela é humana e a responsabilidade e o peso de uma nação sobre suas costas. Destaque para a bela fotografia que ficou a cargo do diretor brasileiro Afonso Beato.

segunda-feira, março 05, 2007

Herói Infernal

O diretor Mark Steve Jonhson está se especializando em adaptar quadrinhos para o cinema, começou com o eficiente Demolidor – O Homem Sem Medo, roteirizou o desastroso Electra e agora leva Motoqueiro Fantasma para o cinema. Criação dos roteiristas Roy Thomas e Gary Friedrich e do desenhista Mike Ploog, a HQ foi publicada pela primeira vez em agosto de 1972. O Herói não tem o mesmo apelo popular dos seus colegas Marvel como Homem Aranha ou os X-Men, mas não deixa de ser interessante. Além disso, possui fãs ardorosos como Nicolas Cage. A paixão de Cage pelo personagem é tanta, que ele o tatuou no braço. Além disso ele foi um dos grandes entusiastas para que a adaptação saísse do papel. Pronto desde 2005, o longa foi adiado várias vezes pelo estúdio por questões mercadológicas e nesse tempo sofreu algumas alterações, principalmente nos efeitos especiais e estreou com grande sucesso em 2007, arrecadando 50 Milhões de Dólares, só no primeiro fim de semana.
O enredo é sobre Johnny Blaze (Nicolas Cage) um dublê motoqueiro que junto com seu pai, faz shows em feiras e circos. Ele descobre que o pai tem um câncer em estado terminal e o próprio demônio, ou melhor, Mefisto (Peter Fonda) propõe um pacto, onde curaria o pai em troca da alma de Johnny, ele aceita, seu Pai acorda curado, mas vem a morrer em um acidente de moto minutos depois. A mitologia do herói é uma clara alusão à obra “Fausto” de Goethe, inclusive o livro aparece numa breve referência. Anos mais tarde o diabo volta para cobrar a dívida, mas oferece um acordo a Blaze, onde ao anoitecer ele se transformaria em um justiceiro em chamas para derrotar seu filho Coração Negro (Wes Bentley), que com a ajuda de três anjos decaídos, quer transformar a terra em um novo inferno, em troca se conseguisse esse feito, teria sua alma de volta.
Motoqueiro Fantasma é o típico longa de Super-Heróis, com os clichês de sempre, uma donzela, por quem o herói sempre foi apaixonado em perigo, nesse caso a bela Eva Mendes, um vilão que quer destruir a terra. Tirando tudo isso o longa é bem despretensioso, tem boas cenas de ação, um pouco de humor, além de efeitos especiais excelentes, nada sério, somente diversão.
Destaque para a equivocada tradução brasileira, repare logo no início do prólogo. Onde somos apresentados a uma outra vítima do diabo, que anos antes também era um vingador fantasma, ele seria o Cavaleiro Fantasma, pois usa um cavalo e a ação se passava no velho oeste, mas a legenda insiste em chama-lo de Motoqueiro Fantasma. Ghost Rider pode ser usado tanto pra cavaleiro quanto para motoqueiro fantasma, mas onde já se viu um motoqueiro que usa um cavalo? Vai entender.

sábado, março 03, 2007

Perdidos na Tradução


Babel encerra a excelente trilogia dos mexicanos Alejandro Gonzáles Iñárritu (Direção) Guilhermo Ariaga (Roteiro). Iniciada com Amores Brutos em 2000 sobre amores violentos, após esse 21 Gramas sobre a morte e o desejo de vingança que era montado de forma não linear em 2003 e agora Babel com a incomunicabilidade. Os três filmes são bem diferentes, mas tem em comum a mesma premissa. Histórias paralelas que de alguma maneira acabam se conectando e possuem tramas reveladas gradualmente, mesmo estilo de narrativa, marcada por cortes bruscos, aumentando ainda mais a sensação de tragédia eminente.
A torre de Babel descrita na Bíblia fala sobre a ambição humana de construir uma torre tão alta que chegaria ao céu, mas Deus criou vários idiomas tornando impossível a comunicação entre os homens com o desentendimento, eles se dispersaram pelo mundo inteiro, então o filme se passa em três partes distintas do mundo.
A trama se inicia no Marrocos onde dois garotos Yussef (Boubker Ait El Caid) e Ahmed (Said Tarchani), estão pastoreando as cabras do pai com um rifle, para evitar que os chacais não ataquem o rebanho. Então os meninos passam a testar o alcance dos tiros que segundo o vendedor chegam até três quilômetros de distância, eles miram e atiram em um ônibus de turismo que vem cruzando a estrada. Entre os passageiros, está o casal Richard (Brad Pitt) e Susan (Cate Blanchett) que estão tentando salvar um casamento em crise com a viagem. A bala atinge Susan, a partir daí começa o calvário do marido para tentar salvar a esposa.
Já nos EUA, somos apresentados às crianças Debbie (Elle Fanning, irmã mais nova de Dakota Fanning) e Mike (Nathan Gamble) que estão sob os cuidados de Amélia (Adriana Barraza, Indicada ao Oscar de Melhor Atriz Coadjuvante), uma imigrante ilegal mexicana que precisa atravessar a fronteira para o casamento do seu filho, mas não encontra ninguém para cuidas das crianças e decide leva-las consigo ao lado do sobrinho Santiago (Gael García Bernal).
No Japão conhecemos Chieko (Rinko Kikuchi), uma adolescente surda-muda ainda abalada com o suicídio da mãe, sofrendo com a solidão e a distância do pai e lidando com as descobertas da adolescência. Mesmo sendo tão diferentes e passando em partes diferentes do mundo, essas estórias possuem uma conexão além da incomunicabilidade. Os longos 142 minutos passam voando, tamanho o envolvimento do espectador a trama, o final pode frustrar alguns que esperavam um desfecho mais original, mas o resultado é positivo.
Babel teve sete indicações ao Oscar, mas só levou a de melhor Trilha Sonora, realmente merecido, as composições de Gustavo Santaolalla consegue envolver cada segmento, a sonoridade vai se modificando de acordo com a região onde a cena ocorre, inspirada na música regional do país. O filme ainda concorreu a Palma de Ouro em Cannes, levou apenas o prêmio de melhor Diretor e o do Júri Eucumênico. Também faturou o Globo de Ouro de Melhor Filme.
Com a trilogia também se encerrou a parceria, a amizade entre o diretor e o roteirista que já durava nove anos, os dois andam brigando abertamente nos meios de comunicação, pois Ariaga alega que não está tendo seu trabalho reconhecido. Uma pena.

sexta-feira, fevereiro 23, 2007

Tudo Por Um Diamante


Diamante de sangue impressiona, emociona, incomoda. Tem uma história poderosa, apesar de fictícia, se passa nos anos 90 e não está muito longe da realidade da África atual, lembra mesmo que de longe o excelente “O Jardineiro Fiel”. A direção fica a cargo do competente Edward Zwick. O título é dúbio, o sangue refere-se não apenas a cor avermelhada, um diamante com essa cor é raríssimo, como também aos conflitos travados em razão dessa pedra. A estória se desenrola em Serra Leoa, onde a renda com o comercio ilegal de diamantes financia a compra de armamento pelas milícias locais, que espalham terror e morte por onde passam.
Somos apresentados a dois personagens distintos, Danny Archer (Leonardo DiCaprio, indicado ao Oscar de Melhor Ator), um ex-mercenário do Zimbábue de caráter duvidoso, que agora age como traficante de diamantes e a Solomon Vandy (Djimon Hounsou, indicado ao Oscar de Ator Coadjuvante), um humilde pescador tentando em vão salvar sua família dos mercenários. O destino dos dois se cruz após Salomon ser capturado e obrigado a trabalhar na mina, onde encontra um valioso diamante, então ocorre um bombardeio na mina e ele esconde a preciosa pedra. Logo após o pescador é preso e na prisão conhece Archer que após saber do fato se oferece para ajudá-lo a encontrar a família e juntos partem em uma árdua jornada. Além dessa improvável “parceria” ainda surge Maddy Bowen (Jennifer Connelly, linda), uma jornalista americana interessada em escrever uma matéria denunciando o comercio ilegal de diamantes por meio de uma grande corporação. Archer é a peça chave da matéria, pois ele pode fornecer todos os detalhes escusos, a jornalista é uma peça importante, através das suas fontes, ela tentar localizar a família Vandy e acaba encontrando, em um campo de refugiados. Como desgraça pouca é bobagem, eles descobrem que o filho mais velho de Solomon, Dia (Kagiso Kuypers), foi recrutado como guerrilheiro mirim pelos mercenários e como os outros, acaba sofrendo uma verdadeira lavagem cerebral sendo incitados a serem violentos e cruéis. As cenas onde crianças empunham metralhadoras e matam indiscriminadamente chocam, e não estamos muito distantes dessa realidade. Cabe a dupla ajudar um ao outro e recuperar o tal diamante e salvar Dia.
Impressionante também é a atuação da dupla central, Leonardo DiCaprio, cada vez se firma mais como um dos melhores atores da sua geração e sua indicação ao Oscar foi merecida, Djimon Hounsou também não fica atrás e dá um verdadeiro show. Outro ponto que deve ser ressaltado, é a magnífica fotografia do Português Eduardo Serra, que injustamente não foi indicada. E retrata lindamente a África e seus contrastes com sua beleza exuberante e muita miséria e pobreza. O filme causou grande repercussão no mercado internacional de diamantes. As empresas chegaram a desenvolver campanhas esclarecendo a origem dos diamantes comercializados, mostrando que trabalham legalmente e que o filme é apenas uma obra de ficção. Diamante de Sangue também concorre nas categorias: Melhor Som e Melhor Edição de Som.

terça-feira, fevereiro 13, 2007

Extremamente Fiel


Finalmente alguém atreveu-se a levar a levar Perfume – História de um Assassino às telas, muitos diretores como Stanley Kubrick, Ridley Scott, Martin Scorcese, Tim Burton tiveram interesse ou foram cotados para a função, que acabou nas mãos de Tom Twyker (diretor de Corra, Lola, Corra). Outro empecilho foi a relutância do autor Patrick Süskind em vender os direitos da obra, até que em 2001 finalmente ele cedeu. Com um orçamento de 50 Milhões de Euros, a adaptação é o filme mais caro já produzido na Alemanha até agora. Publicado em 1985 Perfume já foi traduzido para 45 idiomas e já vendeu mais de 15 milhões de cópias no mundo inteiro. (Leia a crítica do livro nesse Post, clique aqui: Bizarramente Interesante)
A história é sobre Jean Batiste Grenouille (Ben Whishaw) que nasceu em um dos lugares mais imundos e fétidos de Paris, mas ele não era uma criança comum, pois não exalava odor algum e tinha um olfato extremamente desenvolvido. É rejeitado pela mãe e vai parar em um orfanato, sendo vendido posteriormente a um curtume. Alguns anos depois ao entregar uma peça em um perfumista descobre sua verdadeira vocação como aprendiz do perfumista fracassado Giusepe Baldini (Dustin Hoffman) e passa a perseguir a essência perfeita, nem que para isso ele tenha que matar.
O filme é um cópia fiel da obra, e tudo nele impressiona, a direção de arte e a trilha sonora são estupendas. Outro recurso interessante bastante explorado no filme, foi a descrição dos cheiros e odores sentidos pelo protagonista, como o cinema ainda não tem cheiro, esse sentido é descrito através de imagens e ousados movimentos de câmera, apelando para nossa memória olfativa, como também a narrativa feita pelo ator John Hurt, que narra a história semelhante a que o autor faz no livro. Isso sem contar com o impacto do desfecho da estória na tela. Há tempo não se via uma adaptação tão fiel, e os longos 134 minutos passam em uma velocidade impressionante.

sábado, fevereiro 10, 2007

Pura Ousadia

Nada como uma boa polêmica para chamar atenção e Mel Gibson está se tornando um expert nesse quesito. Tudo começou com o polêmico, realista e doloroso “A Paixão de Cristo” que mostrava as últimas doze horas de vida de Jesus. Além das cenas fortes de tortura e açoitamento, o longa foi acusado de ser anti-semita. Essa questão só fez com que o filme se tornasse uma das maiores bilheterias do ano e só aumentou o cacife e a conta bancária de Gibson, que agora financia suas produções, cabendo aos estúdios apenas a distribuição. Pouco antes do lançamento de Apocalypto, mais uma confusão, Mel Gibson virou notícia por ser preso dirigindo embriagado, além de ter desacatado o policial. Apesar disso é inegável o seu talento e ousadia como diretor. Quem mais ousaria realizar um filme sobre uma civilização quase extinta, filmado no meio da selva mexicana, com atores amadores e ainda falado em dialeto Maia, a não ser ele.
A estória enfoca a civilização Maia pouco antes de ser colonizada pelos espanhóis, onde tribos mais desenvolvidas dominam, massacram e destroem as pequenas. A história gira em torno de Jaguar Paw (Pata de Jaguar, o americano Rudy Youngblood) que foi dominado pela tribo rival e na tentativa de salvar a mulher (grávida) e o filho coloca os dois em um poço profundo, mas acaba sendo raptado com os demais, a partir daí acompanha-se a jornada dos prisioneiros até uma cidade onde alguns serão vendidos como escravos, enquanto outros serão sacrificados em nome dos deuses e cabe ao protagonista tentar uma fuga quase impossível, voltar e salvar a família pois o poço pode encher a qualquer momento.
O filme pode chocar aos mais sensíveis, por algumas cenas de extrema violência, apesar disso o filme é fascinante, algumas cenas impressionam, além de ter uma bela fotografia, e uma trilha sonora poderosa criada por James Horner, o mesmo de Coração Valente.
Apocalypto está concorrendo a três Oscars: Melhor Som, Melhor Maquiagem, Melhor Edição de Som.

sexta-feira, fevereiro 02, 2007

Intrigante!


A mágica está em alta em Hollywood. Dois filmes sobre o mesmo assunto lançados quase simultaneamente. O Grande Truque é o “primo rico” de O Ilusionista, pois ao contrário do segundo teve um orçamento mais generoso e foi lançado por um grande estúdio. Enquanto o segundo mais modesto, mas nem por isso inferior é fruto do cinema independente, conta com menos recursos, mas com muitas qualidades. Ambos os filmes tem vários pontos em comum, ótimo elenco, se passam no final do século 19, enfocam o fascínio das pessoas pelo ilusionismo, mas diferem na questão roteiro, enquanto O Grande Truque enfoca a rivalidade e obsessão de dois mágicos em superar um ao outro, O Ilusionista discorre sobre um amor proibido.
O filme é baseado no conto Eisenheim, O Ilusionista, do escritor Steven Millhauser e gira em torno de Eisenhein (Edward Norton), rapaz pobre que na infância encontra um ilusionista viajante e se encanta pelo ofício; mas essa não é sua única paixão, ele também nutre um amor pela nobre Sofia (Jessica Biel), que é correspondido, mas a família da moça não permite o romance e os dois acabam sendo separados. Anos se passam e somos transportados a Viena. Agora Eisenhein é um famoso ilusionista e durante uma apresentação com a presença do ambicioso príncipe Leopold (Rufus Sewell, com mais um vilão no currículo) reconhece seu amor de infância, mas ela está noiva do príncipe, daí nasce a rivalidade entre os dois. Fazendo com que o ilusionista passe a ser seguido e vigiado de perto pelo inspetor Uhl (Paul Giamantti, excelente como sempre), uma espécie de serviçal, que busca de qualquer maneira de desmascarar e prender Eisenhein e tira-lo da jogada.
A partir daí acontecem traições, morte, reviravoltas e um final incrível que você poderá até descobrir antes da hora, mas não vai deixar de surpreender com o desfecho da estória.
O Ilusionista teve apenas uma indicação ao Oscar, na categoria Fotografia, aliás merecida; enquanto O Grande Truque teve duas; foi indicado à categoria de Melhor Direção de Arte e disputa com O Ilusionista a categoria de Melhor Fotografia. Que vença o melhor.

sábado, janeiro 27, 2007

Retrospectiva 2006 - Os Melhores e os Piores do ano que termina.


Há dias estou com essa idéia na cabeça, 2006 acabou e tive vontade de fazer um balanço de tudo que eu vi esse ano e fazer um breve comentário sobre cada um.
Por isso fiz essa lista com os melhores e os piores do ano, na minha humilde opinião.
Abaixo os 20 filmes que mais gostei esse ano:

1º - Piratas do Caribe 2 - O Baú de Morte (Sem dúvida, o filme pipoca mais divertido e lucrativo do ano, que venha a terceira parte, que tem o título de O Fim do Mundo)
2º - Match Point - Ponto Final (Excelente roteiro e um final surpreendente e amoral, mais informações leia a crítica abaixo)
3º - Munique (Realista, extremamente violento, um Spielberg totalmente diferente)
4º - Os Sem Floresta (Engraçado, crítico e com mensagens edificantes e educativas no final)
5º - Carros (Animação impecável, de encher os olhos e roteiro repleto belas de lições)
6º - Os Produtores (Refilmagem do clássico "Primavera Para Hitler" de Mel Brooks, sucesso nos palcos da Broadway, uma das melhores comédias do ano)
7º - Cassino Royale (Um Bond humanizado, totalmente diferente do que estamos acostumados)
8º - Johnny & June (Boas atuações, boa música e uma história de amor real e fascinante)
9º - V de Vingança (Adaptação impecável dos quadrinhos escritos por Alan Moore, corajoso que prega a liberdade acima de tudo)
10º - O Grande Truque (Roteiro intrigante como um passe de mágica)
11º - Os Infiltrados (Tenso e muito violento. Será dessa vez que Scorcese leva o Oscar?)
12º - Happy Feet (Outra animação perfeita, extremamente bela e realista )
13º - Vôo United 93 (Filme corajoso, tenso, triste e de um realismo impressionante)
14º - A Era Do Gelo 2 (Superior ao primeiro filme, mais um caso em que a continuação é melhor que o original, que já era excelente)
15º - O Plano Perfeito (Filme de assalto extremamente inteligente e com um elenco impecável)
16º - O Diabo Veste Prada (Veneno puro, deve surpreender no Oscar deste ano)
17º - Tudo Pela Fama (Comédia de humor negro que satiriza os reality shows de forma engraçadíssima, com direito a altas doses de sarcasmo, os americanos não entenderam a piada, foi mal nas bilheterias e acabou sendo lançado direto em DVD por aqui).
18º - Separados Pelo Casamento (Mesmo sendo vendido de forma errada, de comédia romântica não tem nada, é uma verdadeira aula de como manter um relacionamento e um alerta para as pequenas coisas que faz com que ele se desgaste e acabe)
19º - Missão Impossível 3 (A presença de J. J. Adams deu um novo fôlego para série, sem dúvida o melhor capítulo, pena que os resultados financeiros ficaram abaixo do esperado, acabando com as esperanças de um quarto capítulo)
20º - Superman Returns (Brian Singer ficou entre a cruz e a espada, realizar seu sonho profissional ou tocar a lucrativa franquia mutante, o coração falou mais alto e ele acabou decidindo por Superman e não fez feio)

Os desperdícios de tempo e película do ano

1º - Selvagem (Merecido fracasso. Roteiro fraco, chato, afogado em clichês e repleto de piadas sem graça que não funcionam)
2º - A Casa do Lago (Nem o competente casal de protagonistas consegue do tirar a sensação de lugar comum, resultando em filme aborrecido e previsível)
3º - Jogos Mortais 3 (Apesar de ter bons momentos e explicar algumas pontas soltas dos capítulos anteriores, o filme não decola, além de ser o mais violento e apelativo dos três)
4º - Brokeback Mountain (Bastante ousado, mas o filme é muito arrastado e é bem difícil ficar acordado o filme inteiro)
5º - Abismo do Medo (Muito elogiado pela crítica, uns disseram ser o melhor filme de terror desde Alien, mas não vi muita graça não, um grupo de mulheres, presas em um caverna atacadas por monstros cegos muito parecidos com o Gollum, sedentos por carne humana. Eca!)
6º - A Cor de um Crime (Drama racial com toques de suspense, que não chega a lugar nenhum, uma bomba. Foi eleito o pior filme do ano pelos críticos americanos, mereceu)
7º - Capote (A atuação de Philip Seymor Hoffman como Truman Capote é genial, mas o filme é muito mas muito chato, altamente indicado para quem sofre de insônia)
8º - Instinto Selvagem 2 (Tentativa apelativa e frustrada de alavancar novamente a carreira de Sharon Stone com uma continuação tardia, desnecessária e sem graça nenhuma)
9º - A Profecia (O mundo não precisava de um refilmagem do clássico de Richard Donner, feito às pressas somente, com um elenco inadequado, somente para aproveitar a data 06/06/2006 e faturar alguns trocados, lamentável)
10º - Miami Vice (Violento, estiloso e muito ruim)




Incrível como algumas músicas desencadeiam lembranças guardadas bem no fundo do inconsciente. O disco “To The Faithfull Departed” dos Cranbe...