quarta-feira, setembro 06, 2006

Fala Sério!


Compreender o público é muito difícil, o Casseta e Planeta lançou em 2003 o ótimo A Taça do Mundo É Nossa, um filme hilário e inteligente, que não tinha relação nenhuma com o programa semanal exibido pela Globo, mas injustamente não foi tão bem nas bilheterias, levando pouco mais de 800 Mil expectadores ao cinema. Tentando reverter à situação, eis que eles lançam esse “Seus Problemas Acabaram”, agora com uma abordagem muito parecida com o programa televisivo e dirigido por Jose Lavigne que dirige o programa há 16 anos, outros recursos para chamar a atenção do público são as pontas rápidas de celebridades como Juliana Paes, Luana Piovani e Marcos Pasquim e a participação dos personagens fixos dos esquetes do programa como Fucker And Sucker, Chicória Maria e o insuportável Seu Creyson dentre muitos outros personagens, mas o filme não funciona, não é engraçado, talvez pelo roteiro fraco ou pelas piadas meia boca repletas de situações chulas, apelativas, beirando a escatologia, em uma delas Bussunda faz sexo com uma tartaruga marinha e noutra um personagem tem um problema com um equipamento tabajara e seu traseiro vira para frente.
A estória gira em torno das Organizações Tabajara, que está sendo processada por um cliente (Bussunda), que comprou um produto chamado Borogodol, que faz com que qualquer homem se torne irresistível aos olhos de uma mulher, mas o produto tem efeitos colaterais terríveis como ser perseguidos por animais no cio, cabe ao advogado idealista Botelho Pinto (Murilo Benício) acusar a empresa e defender os interesses do seu cliente, uma clara sátira a filmes de tribunal, mas o filme não se resume a isso à quantidade de situações e personagens e situações é muito grande, uma verdadeira salada que ao invés de divertir só piora a situação.
Salvam-se ainda que com ressalvas os bons efeitos especiais em algumas cenas e uma meia dúzia ou menos de piadas envolvendo paródias a filmes brasileiros como Cidade de Deus em que imitam até os movimentos de câmera do filme original e Xuxa e Os Duendes, nessa, por exemplo, temos uma Maria Paula vestida de Xuxa em figurino rosa ridículo chicoteando os tais duendes, a cena é rápida, mas é engraçada.
No final das contas, apenas um final lamentável, uma música debochada com o singelo título “O amor é um peido” e muita decepção, os créditos tem algumas piadinhas sem graça, uma homenagem ao saudoso Bussunda e como se não fosse suficiente uma piada pós créditos envolvendo o chato Seu Creyson. Uma bomba, fala sério.

terça-feira, setembro 05, 2006

Um Belo Conto De Fadas



Só pra começar, nesse filme não tem final surpresa, como estamos acostumados a ver nos filmes do diretor de O Sexto Sentido, nem por isso ele é ruim, pelo contrário é um belo conto de fadas, pois foi baseado em uma história inventada pelo diretor para fazer suas filhas dormirem, mas isso não impede que tenha um bom punhado de suspense e tensão e um toque de humor.
A Disney financiadora dos projetos anteriores do cineasta não aceitou filmar este projeto, fazendo com que a lucrativa parceria fosse rompida, daí a Warner Bros. Assumiu o projeto de braços abertos, dando total liberdade ao diretor, mas o tiro saiu pela culatra, pois a crítica bombardeou o filme com críticas negativas e os americanos ignoraram o filme fazendo com que não fosse tão bem nas bilheterias quanto se esperava.
O filme inicia com uma simples, mas interessante animação onde o narrador conta a lenda da amizade entre os homens da superfície e o povo do mar, mas com o passar do tempo à ganância dos homens por terras, afastou-os do litoral e essa amizade foi sendo esquecida, mas o povo do mar ainda persiste e continua mandando seus emissários contatarem os humanos, mas esse contato requer muitos cuidados, pois os perigos são muitos, começando pelos “Scrunts”, uma espécie de lobo feito de grama que caça sem piedade quem se atreve a sair da água.
Em um condomínio somos apresentados a Cleeveland Heep (o excelente Paul Giamanti), o zelador do condomínio que está desconfiado que alguém esteja usando a piscina do prédio após o horário permitido, daí ele encontra uma moça chamada Story (Bryce Dallas Howard, a cega de A Vila) que revela ser uma Narf (ninfa marinha) e explica que tem uma missão a cumprir na terra: encontrar um humano que mora ali e inspira-lo a escrever um livro que mudará a história da humanidade, mas Story corre perigo e sua missão não será nada fácil.
O filme conta com personagens bem construídos e interessantes, como os moradores do condomínio com suas esquisitices e características marcantes, por exemplo temos um crítico de cinema, que segundo boatos foi o motivo da crítica ter avacalhado o filme, um sujeito fechado, sem amigos e sempre de mal com o mundo, ou a senhora coreana que não fala inglês e sua fila que são uma parte fundamental na estória, os latinos barulhentos e um monte de outros tipos.
No fim das contas, não é o melhor filme do diretor, A Vila ainda ocupa esse espaço na minha mente, mas nem por isso de ser divertido.

Incrível como algumas músicas desencadeiam lembranças guardadas bem no fundo do inconsciente. O disco “To The Faithfull Departed” dos Cranbe...