segunda-feira, abril 23, 2007

Brilhante!

O ano é 2027, um futuro não muito distante; a humanidade está infértil, não se explica o porquê, mas está na cara, basta observar com atenção; o homem é um ser em extinção, o último nascimento ocorreu há 18 anos e alguns meses, o habitante mais jovem do planeta, é tratado como uma celebridade; e esse acabou de ser assassinado em Buenos Aires causando comoção total. O mundo está em ruínas, arrasado por guerras, terrorismo e desastres naturais, apenas a Inglaterra, sombria, caótica, quase em ruínas parece resistir, além de tratar os refugiados estrangeiros como animais.
Em meio a esse cenário futurista, somos apresentados a Theo (Clive Owen), que está saindo de uma cafeteria e aproveita o trágico acontecimento para tirar o dia de folga, quando ele se afasta alguns metros, o local inteiro vai pelos ares. A cena é simples, mas causa um grande impacto, não só pelo susto, mas pela violência explícita e isso é só o início de Filhos da Esperança que logo de cara mostra a que veio. Depois do acontecido, Theo vai visitar o amigo hippie Jasper (Michael Caine, ótimo como sempre), um ex-cartunista político que vive numa propriedade rural ouvindo Deep Purple e fumando baseados, tentando continuar nos tempos antigos. Mais tarde Theo é seqüestrado por um grupo rebelde, que descobre ser liderado por Julian (Juliane Moore, numa participação pequena, mas oportuna) que lhe pede um grande favor; que ele consiga com um influente primo que quase não vê, nem fala, os documentos para uma refugiada ou “fúgi” sair do país. Mas isso tudo por um motivo nobre, ela está grávida. Então ele passa a ajudá-la a escapar de um grupo rebelde chamado “Fish” que pretende usar a criança para fins políticos e leva-la até um barco com o nome de “Amanhã” onde está sendo desenvolvido o Projeto Humano. Daí a justificativa para o ótimo título em português.
Baseado no livro “Childreen Of Men” da escritora inglesa P. D. James e brilhantemente dirigido pelo diretor mexicano Alfonso Cuáron, realizador dos ótimos “E Sua Mãe Também” e “Harry Potter e o Prisioneiro de Azkaban”. O diretor ousou e conseguiu o que era quase impossível, seqüências quase sem corte, aumentando ainda mais o tom de urgência e a emoção do roteiro. Algumas cenas duram até dez minutos, sem nenhuma interrupção, nem mesmo quando gotas de sangue sujam a lente, a câmera não para e continua seguindo os personagens de perto. Repare cena do carro, por exemplo, a câmera não para e fica girando ao redor dos ocupantes, alternando o enquadramento em cada um dos ocupantes, e não para nem mesmo quando eles tem que tem que sair do veículo e escapar do ataque dos rebeldes. Essa cena está esmiuçada no único extra do DVD um pequeno Making Of de dez minutos que mostra depoimentos e curiosidades da produção. Alugue sem medo.

Um comentário:

Anônimo disse...

Esse filme do Clive Owen possui trechos que lembram um pouco "The lost man in the world". Era uma boa se eu pudesse assistir(c/ tema de sobre o fim da espécie)

Mas Vicente se sobrar algum tempo, faz um texto sobre "A colheita do mal".

um abraço

Incrível como algumas músicas desencadeiam lembranças guardadas bem no fundo do inconsciente. O disco “To The Faithfull Departed” dos Cranbe...