sexta-feira, fevereiro 23, 2007

Tudo Por Um Diamante


Diamante de sangue impressiona, emociona, incomoda. Tem uma história poderosa, apesar de fictícia, se passa nos anos 90 e não está muito longe da realidade da África atual, lembra mesmo que de longe o excelente “O Jardineiro Fiel”. A direção fica a cargo do competente Edward Zwick. O título é dúbio, o sangue refere-se não apenas a cor avermelhada, um diamante com essa cor é raríssimo, como também aos conflitos travados em razão dessa pedra. A estória se desenrola em Serra Leoa, onde a renda com o comercio ilegal de diamantes financia a compra de armamento pelas milícias locais, que espalham terror e morte por onde passam.
Somos apresentados a dois personagens distintos, Danny Archer (Leonardo DiCaprio, indicado ao Oscar de Melhor Ator), um ex-mercenário do Zimbábue de caráter duvidoso, que agora age como traficante de diamantes e a Solomon Vandy (Djimon Hounsou, indicado ao Oscar de Ator Coadjuvante), um humilde pescador tentando em vão salvar sua família dos mercenários. O destino dos dois se cruz após Salomon ser capturado e obrigado a trabalhar na mina, onde encontra um valioso diamante, então ocorre um bombardeio na mina e ele esconde a preciosa pedra. Logo após o pescador é preso e na prisão conhece Archer que após saber do fato se oferece para ajudá-lo a encontrar a família e juntos partem em uma árdua jornada. Além dessa improvável “parceria” ainda surge Maddy Bowen (Jennifer Connelly, linda), uma jornalista americana interessada em escrever uma matéria denunciando o comercio ilegal de diamantes por meio de uma grande corporação. Archer é a peça chave da matéria, pois ele pode fornecer todos os detalhes escusos, a jornalista é uma peça importante, através das suas fontes, ela tentar localizar a família Vandy e acaba encontrando, em um campo de refugiados. Como desgraça pouca é bobagem, eles descobrem que o filho mais velho de Solomon, Dia (Kagiso Kuypers), foi recrutado como guerrilheiro mirim pelos mercenários e como os outros, acaba sofrendo uma verdadeira lavagem cerebral sendo incitados a serem violentos e cruéis. As cenas onde crianças empunham metralhadoras e matam indiscriminadamente chocam, e não estamos muito distantes dessa realidade. Cabe a dupla ajudar um ao outro e recuperar o tal diamante e salvar Dia.
Impressionante também é a atuação da dupla central, Leonardo DiCaprio, cada vez se firma mais como um dos melhores atores da sua geração e sua indicação ao Oscar foi merecida, Djimon Hounsou também não fica atrás e dá um verdadeiro show. Outro ponto que deve ser ressaltado, é a magnífica fotografia do Português Eduardo Serra, que injustamente não foi indicada. E retrata lindamente a África e seus contrastes com sua beleza exuberante e muita miséria e pobreza. O filme causou grande repercussão no mercado internacional de diamantes. As empresas chegaram a desenvolver campanhas esclarecendo a origem dos diamantes comercializados, mostrando que trabalham legalmente e que o filme é apenas uma obra de ficção. Diamante de Sangue também concorre nas categorias: Melhor Som e Melhor Edição de Som.

terça-feira, fevereiro 13, 2007

Extremamente Fiel


Finalmente alguém atreveu-se a levar a levar Perfume – História de um Assassino às telas, muitos diretores como Stanley Kubrick, Ridley Scott, Martin Scorcese, Tim Burton tiveram interesse ou foram cotados para a função, que acabou nas mãos de Tom Twyker (diretor de Corra, Lola, Corra). Outro empecilho foi a relutância do autor Patrick Süskind em vender os direitos da obra, até que em 2001 finalmente ele cedeu. Com um orçamento de 50 Milhões de Euros, a adaptação é o filme mais caro já produzido na Alemanha até agora. Publicado em 1985 Perfume já foi traduzido para 45 idiomas e já vendeu mais de 15 milhões de cópias no mundo inteiro. (Leia a crítica do livro nesse Post, clique aqui: Bizarramente Interesante)
A história é sobre Jean Batiste Grenouille (Ben Whishaw) que nasceu em um dos lugares mais imundos e fétidos de Paris, mas ele não era uma criança comum, pois não exalava odor algum e tinha um olfato extremamente desenvolvido. É rejeitado pela mãe e vai parar em um orfanato, sendo vendido posteriormente a um curtume. Alguns anos depois ao entregar uma peça em um perfumista descobre sua verdadeira vocação como aprendiz do perfumista fracassado Giusepe Baldini (Dustin Hoffman) e passa a perseguir a essência perfeita, nem que para isso ele tenha que matar.
O filme é um cópia fiel da obra, e tudo nele impressiona, a direção de arte e a trilha sonora são estupendas. Outro recurso interessante bastante explorado no filme, foi a descrição dos cheiros e odores sentidos pelo protagonista, como o cinema ainda não tem cheiro, esse sentido é descrito através de imagens e ousados movimentos de câmera, apelando para nossa memória olfativa, como também a narrativa feita pelo ator John Hurt, que narra a história semelhante a que o autor faz no livro. Isso sem contar com o impacto do desfecho da estória na tela. Há tempo não se via uma adaptação tão fiel, e os longos 134 minutos passam em uma velocidade impressionante.

sábado, fevereiro 10, 2007

Pura Ousadia

Nada como uma boa polêmica para chamar atenção e Mel Gibson está se tornando um expert nesse quesito. Tudo começou com o polêmico, realista e doloroso “A Paixão de Cristo” que mostrava as últimas doze horas de vida de Jesus. Além das cenas fortes de tortura e açoitamento, o longa foi acusado de ser anti-semita. Essa questão só fez com que o filme se tornasse uma das maiores bilheterias do ano e só aumentou o cacife e a conta bancária de Gibson, que agora financia suas produções, cabendo aos estúdios apenas a distribuição. Pouco antes do lançamento de Apocalypto, mais uma confusão, Mel Gibson virou notícia por ser preso dirigindo embriagado, além de ter desacatado o policial. Apesar disso é inegável o seu talento e ousadia como diretor. Quem mais ousaria realizar um filme sobre uma civilização quase extinta, filmado no meio da selva mexicana, com atores amadores e ainda falado em dialeto Maia, a não ser ele.
A estória enfoca a civilização Maia pouco antes de ser colonizada pelos espanhóis, onde tribos mais desenvolvidas dominam, massacram e destroem as pequenas. A história gira em torno de Jaguar Paw (Pata de Jaguar, o americano Rudy Youngblood) que foi dominado pela tribo rival e na tentativa de salvar a mulher (grávida) e o filho coloca os dois em um poço profundo, mas acaba sendo raptado com os demais, a partir daí acompanha-se a jornada dos prisioneiros até uma cidade onde alguns serão vendidos como escravos, enquanto outros serão sacrificados em nome dos deuses e cabe ao protagonista tentar uma fuga quase impossível, voltar e salvar a família pois o poço pode encher a qualquer momento.
O filme pode chocar aos mais sensíveis, por algumas cenas de extrema violência, apesar disso o filme é fascinante, algumas cenas impressionam, além de ter uma bela fotografia, e uma trilha sonora poderosa criada por James Horner, o mesmo de Coração Valente.
Apocalypto está concorrendo a três Oscars: Melhor Som, Melhor Maquiagem, Melhor Edição de Som.

sexta-feira, fevereiro 02, 2007

Intrigante!


A mágica está em alta em Hollywood. Dois filmes sobre o mesmo assunto lançados quase simultaneamente. O Grande Truque é o “primo rico” de O Ilusionista, pois ao contrário do segundo teve um orçamento mais generoso e foi lançado por um grande estúdio. Enquanto o segundo mais modesto, mas nem por isso inferior é fruto do cinema independente, conta com menos recursos, mas com muitas qualidades. Ambos os filmes tem vários pontos em comum, ótimo elenco, se passam no final do século 19, enfocam o fascínio das pessoas pelo ilusionismo, mas diferem na questão roteiro, enquanto O Grande Truque enfoca a rivalidade e obsessão de dois mágicos em superar um ao outro, O Ilusionista discorre sobre um amor proibido.
O filme é baseado no conto Eisenheim, O Ilusionista, do escritor Steven Millhauser e gira em torno de Eisenhein (Edward Norton), rapaz pobre que na infância encontra um ilusionista viajante e se encanta pelo ofício; mas essa não é sua única paixão, ele também nutre um amor pela nobre Sofia (Jessica Biel), que é correspondido, mas a família da moça não permite o romance e os dois acabam sendo separados. Anos se passam e somos transportados a Viena. Agora Eisenhein é um famoso ilusionista e durante uma apresentação com a presença do ambicioso príncipe Leopold (Rufus Sewell, com mais um vilão no currículo) reconhece seu amor de infância, mas ela está noiva do príncipe, daí nasce a rivalidade entre os dois. Fazendo com que o ilusionista passe a ser seguido e vigiado de perto pelo inspetor Uhl (Paul Giamantti, excelente como sempre), uma espécie de serviçal, que busca de qualquer maneira de desmascarar e prender Eisenhein e tira-lo da jogada.
A partir daí acontecem traições, morte, reviravoltas e um final incrível que você poderá até descobrir antes da hora, mas não vai deixar de surpreender com o desfecho da estória.
O Ilusionista teve apenas uma indicação ao Oscar, na categoria Fotografia, aliás merecida; enquanto O Grande Truque teve duas; foi indicado à categoria de Melhor Direção de Arte e disputa com O Ilusionista a categoria de Melhor Fotografia. Que vença o melhor.

Incrível como algumas músicas desencadeiam lembranças guardadas bem no fundo do inconsciente. O disco “To The Faithfull Departed” dos Cranbe...